quinta-feira, 4 de setembro de 2014

SABER SOMAR



Não são muitos os grãos que existem numa espiga de milho ou de trigo, mas talvez encherá todo seu celeiro! Tudo na vida é questão de soma. É preciso somar todos os grãos de bondade e de amor que recebemos dia-a-dia de Deus e de nossos irmãos. Some amizade, some palavras abraços de conforto que recebeu nas horas amargas. Some carícias de amor que é puro e desinteressado, elogios sinceros que nunca pedem troco. Some a esmola que você deu naquele dia, a visita que você fez aquele doente, o pranto que você enxugou naqueles olhos... Some os desânimos vencidos e os rancores superados. A vida é sempre uma soma de coisinhas minúsculas como grãos mas que, no fim das contas deixam repletos e transbordam o celeiro da sua esperança, e é de grão em grão que se enche de felicidade o coração.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Coração moreno

Se alguém te pusesse aqui sempre que o sol se põe, haveriam noites doces sem o amargo desta nossa solidão equivocada. A cada vez que a noite cai - se há anjo - deveria se levantar em algum lugar a asa de algum anjo para trazer voando aquele de quem se tem saudade e em quem se pensa até que cada noite volte a ser dia. Se houver anjo - mas não puder te trazer - que me carregue pelo vento até qualquer ponto onde mesmo de longe eu possa te ver. Caso não haja anjo que me atenda o acaso e promova o abraço que eu tanto preciso te dar. Eu não quero te falar nada, nem roubar muito seu tempo, eu só quero te dar um abraço e aliviar essa dúvida de se algum dia existiu mesmo você. Deve ser este silêncio da noite que faz a gente ouvir a voz da saudade, deve ser a pouca luz que faz a gente ver o que o nosso esforço para esquecer ofusca. Eu gostaria muito de não ter que me esforçar tanto, de não fazer tanto e ainda ter sempre você no fundo da mente, no topo do coração. Esta sua presença que é como um cenário que ninguém nota, mas que se ausente nada mais seria belo. Esta sua lembrança que é como a gravidade, ninguém mais se lembra que existe, mas é o que me mantém de pé. Faço tudo para os dias serem diferentes só que o que eu queria mesmo é que os dias voltassem a ser iguais. Iguais à crença de que por mais longa que seja a noite a encurtar a esperança de um novo dia, ainda chega o novo dia. E eu nem preciso mais pensar que em algumas horas haverá o sol de novo e tudo voltará a brilhar. Eu aprendi que existe o brilho e a luz da lua e que é um brilho diferente, mas também um brilho. Quem sabe é disso que a nossa história precisa, eu deveria deixar de buscar o seu sol e me apaixonar pela luz de alguma lua, de alguma estrela, de alguma lanterna, de alguma vela ou farol, talvez. Mas ainda assim haveria o sol. E isso me conforta e isso me sufoca. Do amor e da luz não se foge e para a saudade sua que tanto ilumina quanto arde não há filtro solar.